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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SERRA MILCARAS


Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior. Editor do Blog da Dilma
cartaxoarrudajr@gmail.com
É impactante observar a abordagem que a velha mídia, na véspera do primeiro debate do segundo turno, estampava em manchetes colossais como que Dilma estava decepcionada, temerosa, depressiva e que isso já estava deixando o Lula preocupado, et cetera e tal…, em suma, estávamos perdidos, Dilma estava com o rosto inchado, chorosa,
desestimulada, deprimida, down…
O impressionante é que o Serra leu e acreditou! Pode parecer impossível mas foi. Ele acreditou. Depois teve que engolir todas as manchetes do PIG. E o que se viu foi uma Dilma saudável, disposta, forte, segura… era sim a continuação daquela Dilma que em debate anterior disse: “O Sr. candidato Serra não é o dono da verdade” e “Serra, o Senhor não é melhor do que ninguém”.
Cadê que o nosso Lulinha paz e amor ia dizer isso? Só, nunca! Foi a Dilma quem disse, foi preciso ela, a Mulher: o operário do
operário como disse o velho Marx. Até quando? Até Dilma! Agora que a percebo mais clara e transparente sem se importar muito com marqueteiros, concluo que Lula tem razão quando diz que ela é melhor que ele. Dilma enfrenta o Serra com franqueza e espontaneidade. Teve um momento no debate, em que Serra disse como se denuncia-se uma verdade: “tudo que ela disse agora é ensaiado para depois passar no programa eleitoral”; e tinha sido exatamente este o momento em que
Dilma falou e agiu sem observar e medir-se pelos conselhos e as amarras dos marqueteiros e políticos profissionais.
É chocante como a realidade e as manchetes da velha mídia se contradizem.
O que eles chamam de raiva e agressividade na Dilma; eu, contudo, entendo como franqueza, convicção e caráter. É a virtude de se manter indignada diante da mentira e da covardia, simplesmente.
E o Serra via como estratégia de propaganda política! Montada por outros, feita em laboratório e dita por Dilma. O Serra está se confrontado e se confundindo com Dilma e sua sinceridade singular de encarar a realidade com a verdade. O que ele não tem. Ao contrário, Serra prefere inaugurar maquete de ponte e criar favela em estúdio. Dizer e reafirmar que ele é que fez tudo, mas tudo mesmo, no Brasil e na maior cara de pau de tanto repetir essa mentira. É claro que além dele alguns vão se iludir e acreditar assim como acreditam que “coca-cola é isso aí”. De fato o programa eleitoral dele só melhorou um tiquinho quando começou a arremedar e copiar o programa da Dilma, isso sim.
Mas o momento em que Serra disse apavorado, denunciando como falso, que o que a Dilma estava afirmando espontaneamente tinha sido ensaiado para o programa eleitoral da televisão! É demais. Quando a verdade é que a Dilma sequer seguiu o script de marqueteiros. Naquele momento, ela foi só, unicamente, ela mesma. Estava sendo verdadeira e nada mais. Era a soma da reunião genial e memorável da franqueza com a certeza e a tranqüilidade de saber a verdade e querer e poder melhor e
dizer isso com a transparência da sinceridade. Verdadeira e espontânea diante da realidade é como Dilma encara as questões governamentais que tem de manter e seguir. É só isso, nem mais nem menos, sem maquiagem alguma.
No debate a Dilma entendeu que era face a face, por ela mesma, não precisou vir nenhum marqueteiro das Arábias para dizer a
Dilma que era olho no olho. E ela foi verdadeira e é isso o que mais incomoda a eles. É a seqüência de a Dilma dizer que: “o candidato Serra não é dono da verdade; e nem melhor do que ninguém”. Não ter obtido resposta até agora, porque contra fatos não há argumentos.
Mas ele, o Serra, acredita realmente que é o maioral, o melhor de todos eles, pensa que o Obama disse que ele é que é o Cara, podes crer. E a verdade dele é imaculada e prevalecerá. De fato, ele mente e pensa que está dizendo a verdade, no fundo mesmo ele pensa que a mentira é verdade, ele treinou-se para isso. É por isso que ele confunde a espontaneidade de Dilma com a farsa que vive. Ele se desnuda. Serra é falso; e o pior, é burro, no sentido primal da palavra, não quero macular mais ainda a expressão: o jumento nosso irmão. O Serra via uma armação no que era sinceridade.
Ele não entende a franqueza da adversária, acha que a Dilma é fabricada. Ele acreditou no jornal Folha de São Paulo quando noticia que a Dilma é o poste do Lula.
Não é. Quer saber a verdade? Digo pra você, Serra: a Dilma não é poste, marionete, fantoche, invenção, fantasia, muito menos vive encostada no Lula. Ela só foi indicada por ele, o resto do caminho, ela conquistou por si mesma. Lembram quando o PMDB disse que ia dar a ela um bambolê para ela ter jogo de cintura? Usou tão bem o bambolê que eles terminaram na vice dela. Dilma não é um poste, não. É sim uma rocha, viva de autenticidade, franqueza e verdade. Isso, Serra, você nunca vai saber o que é, porque você não tem, e ninguém pode saber o que não tem. O que provocou esse choque foi a mentira que o PIG espalhou para o debate na TV. Dilma estava desmotivada, medrosa, insegura… Com a realidade a cores e ao vivo o que se viu? E claramente se percebeu que, muito pelo contrário, ela não admite é trololó e tititi. É o adversário tergiversar a propalar a calunia e o embuste. Não houve nada de agressividade, é que, para ele, a verdade dói, dói nele, mas nos militantes a verdade é só o conforto do revigoramento para o embate. Não dói, alegra e entusiasma. O que surgiu com transparência foi a nobreza e o caráter forte e digno da sua personalidade, que deixava transparecer, sim, certa ansiedade em esclarecer e cobrar os desvios e a fuga de Serra em confrontar dados e fatos que, em debates anteriores, era impossível, devido ao número de candidatos e o formato dos confrontos das idéias. E Dilma comportou-se resistindo e reagindo com requinte e firmeza as insinuações e
maledicências, às vezes até com meiguice e bom tom como quando o advertiu das mil faces e o alertou que ele já respondia a processo por calúnia e difamação. Na verdade, ela agiu com comedimento e brandura pois são não um, mas outros 16 processos muitos por improbidade administrativa e má versão e desvios de recursos públicos. Ela foi até muito diplomata em não insistir para ele responder quantas empresas do patrimônio da nação brasileira ele privatizou. Nesse caso são mais de
cento e cinquenta crimes de lesa à pátria. Ele veio rindo com a idiotice de que se não fosse a privatização não haveria telefone celular no Brasil, só orelhões. Como se isso fosse ou houvesse possibilidade de ser verdade. Como é estreitinho o rapaz da Moca. Dilma respondeu com autoridade superior que a comunicação com ela caminha para a banda larga para todos. Poderia
dizer outra verdade mais palpável que a conta do telefone por conta da privatização ser uma das mais caras do mundo, para não falar do serviço cada vez pior. Ou que a tarifa de energia elétrica também é uma das mais caras do mundo… E ela nem insistiu nos apagões. E deixou passar em branco quando ele disse que não sabia quem era o Paulo Preto.
Durante o debate o melhor mesmo foram os telefonemas entusiasmados dos amigos que recebi durante os intervalos. E, na segunda-feira, o dia amanheceu mais lindo, um casal de pintassilgos a fazer ninho na samambaia da varanda. Nos comitês da Avenida da Universidade, a maior concentração de esquerdistas por metro quadrado do Brasil vi a garra, o estímulo, entusiasmo e a alegria que o debate acendeu em todos os militantes que só aumentava. E, no feriado do Dia das Crianças e da padroeira do Brasil, vi a militância do PT lotar o auditório do hotel com a disposição de luta dos companheiros, alguns que eu não via a
tempos, traçando metas e agendas de reuniões, passeatas, comícios e carreatas para o segundo turno, deixando-me radiante de felicidade. Finalmente a ficha caiu, flanando sozinho pelas areias da praia de Iracema diante dos verdes mares bravios da minha terra natal é que encontro coragem para fazer essa declaração. Saibam que esse debate me deixou completamente apaixonado por ela. Dilma, quer casar comigo? Todo esse tempo para dizer isso: …“esdrúxulas, ridículas cartas de amor, não seriam ridículas, se não fossem cartas de amor”…
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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